Medidas administrativas que podem ser tomadas para
diminuírem as contas públicas
Em toda a conjuntura actual tem-se
discutido e levantado imensas questões sobre medidas que podem ser tomadas para
diminuir a crise financeira no contexto actual.
Contudo
a maior parte das medidas têm sido tomadas sobre um conjunto de cidadãos, que
se englobam principalmente na classe média. Por tudo isto a população está
descontente, e levanta a questão de se a nível estatal não deveriam existir
medidas que impliquem a diminuição da despesa.
Analisando
a situação compreendemos que sim, podendo inclusive assinalar algumas medidas
pelos vários tipos de Administração.
Na administração directa, pode dizer-se que talvez seja o tipo onde
mais se poderia reduzir, porque é também a área onde se verifica um maior gasto
económico.
Exemplos
práticos desta situação é o facto de, por cada ministério existir 1 ou 2 “carros
de serviço”. Esta situação implica além dos motoristas, o exagero gasto em
combustível em todas as deslocações. Além de que todos estes automóveis são “topo
de gama e alta cilindrada” que rondam valores como 40 Mil €, o que não se
entende, será para demostrarem uma realidade financeira que não existe? Será que
esta situação se compreende no contexto actual, ou até mesmo à excepção de uma
crise económica se mantenha?
Na minha
opinião não, penso que apesar de serem representantes do Estado, por serem
parte do Governo, não lhes dá estatuto especial perante outros membros de
governo. Ou seja, se assim fosse todos os membros de governo teriam um carro ao
seu dispor e poderiam viajar literalmente “à conta dos contribuintes públicos”,
pois quem paga todas estas despesas através do Orçamento de Estado é a
população activa, ou seja, todos os cidadãos que “fazem descontos”.
A par desta posição está também
o facto de serem dados diversos complementos aos Ministros, como de residência,
viagens (de trabalho), entre outros. Se com a entrega de um subsídio de viagem,
em que já é pago hotel e deslocações, não se percebe porque é ainda atribuído
um complemento de viagem.
Na atribuição
de valores para ajuda a residência não se compreende, apesar de que mesmo que o
Ministro em causa não tenha uma morada de residência habitual em Lisboa, já que
é na cidade que se encontram os ministérios.
Pior que tudo isto serão as
pensões vitalícias que os ex-Presidentes da República recebem. Porquê? É mais
um caso, em que além de receberem uma remuneração da actividade que exercem,
estão ainda a receber uma reforma vitalícia de um cargo, que é certo já não exercem
e que por isso podem ter direito a uma remuneração mas não as que rondem
milhares de euros anuais. A par desta situação estão também as situações de
todos os deputados que recebem pensões , e que exercem enumeras actividades
pelas quais são remunerados.
Outra situação ainda mais
flagrante é o elevado número de deputados na Assembleia da República (que
actualmente está entre os 180 e 230 – Artigo 148º CRP), arriscando dizer que
será talvez a Assembleia Europeia com maior representação. O que se tem vindo a
comprovar ser um exagero, e que poderia ser diminuído, poupando assim uma
considerável fatia de gastos, já que seriam diminuídos o número de ordenados de
deputados, com a extinção do cargo.
Na administração indirecta, uma das medidas e com a qual concordo foi
a extinção de várias fundações públicas, mas poderiam também ser extintos
alguns institutos públicos que não tem um papel activo relevante no país.
Podem ainda
ser revistos alguns contratos de concessão a empresas públicas empresariais,
que se incluem no SEE – Sector Empresarial do Estado, e que representam uma
forte actividade e importância no sector económico. São os casos, por exemplo,
do metropolitano de Lisboa, Carris, onde os preços dos bilhetes continuam a
aumentar olhos vistos, mas os administradores ganham milhares de euros.
Na administração autónoma, as situações mais evidentes são os gastos
com as regiões autónomas da Madeira e dos Açores. Não quero com isto ofender
susceptibilidades, nem ofender ninguém das áreas referidas, mas penso que a
melhor solução para a contenção de custos será realmente pensar-se na
independência das mesmas. Em termos que não prejudique as populações.
Outro dos casos, e como já
referi num anterior comentário, será a extinção de algumas freguesias.
Um caso particular em que tenho
especial dúvida relaciona-se com a Emel, empresa municipal de Lisboa e que acho
deve englobar-se na administração autónoma, apesar de poder considerar-se uma
EPE. Nesta situação em particular encontra-se uma empresa que se caracteriza
principalmente pelos prejuízos causados, e que penso não rentabilizar da melhor
forma o seu objectivo: controlo de pagamento dos parquímetros de Lisboa.
Nesta situação
penso que a empresa poderia ser extinta e das duas, uma: ou os funcionários seriam
englobados na Câmara Municipal de Lisboa e teriam as mesmas funções, tendo a Câmara
Municipal assumido o objectivo da empresa em causa; ou então poderia a polícia
municipal de Lisboa prosseguir a situação em causa, visto que apenas actuam na
área de Lisboa podiam contribuir para a continuidade da ordem pública e do
respeito pelas normas impostas. Isto, pois salvo erro, penso que a taxa de Parquímetros
é imposta por decreto municipal.
Sei que não apresento qualquer
base legal para nenhuma das informações, mas penso que é do conhecimento de
todos que tais situações se verificam e que poderiam, entre outras, ser contornadas
para gerar poupança a nível administrativo.
Lanço ainda o convite de
indicarem ainda mais situações de manifesta possibilidade de poupança.
Telma
Ezequiel, n.º 20442
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